Para o Infinito e Mais Além

É na consciência de que estamos imersos permanentemente no ser infinito que poderemos encontrar significado e algum sentido de vida. De que maneira nos concebemos? Se nos concebemos como um segmento de recta com origem no ponto A e fim no ponto B, qualquer plano que façamos sofrerá de claustrofobia existencial. Mas se nos concebermos como uma semi-recta, com origem no ponto A e sem fim à vista, dá-se uma descompressão existencial que nos transforma, ao não absolutizarmos cada momento. Como a água que, se não passar por aqui, acaba por passar por ali ou por outro lado, mas sempre passa.
Fará sentido essa abertura ao infinito? Limitar a vida entre os pontos A e B da nossa existência é que constitui um absurdo. A mensagem que nos vem do meio é: não há limites, tudo é irrepetível. O tal absoluto que nunca se repete nem nas folhas da mesma árvore. Essa mensagem do meio, do Universo, é para que aprendamos a lidar com os ventos e as ondas sempre diferentes do oceano da viagem que permanentemente fazemos. Somos seres a caminho do infinito. Em termos absolutos tudo vibra constantemente numa nova forma que nunca existiu e que não mais se repetirá. Existencialmente pertencemos a algo infinito. É esse o vestígio do qual procedemos.
Mas não basta compreendermos o nosso meio existencial. Também a nossa forma pessoal, o modo de sermos, trará vestígios. Sermos pessoas, esta forma de ser, também traz um odor perfumado da nossa origem. Somos um enigma a nós próprios e somos os que se põem a pensar sobre isso mesmo.
Seres infinitos e pessoais. Individuais e sociais. O que poderemos vir a ser depende de para onde virarmos os olhos. Para a terra? Cairemos no pó. Para o cosmos? Será para florescer.
Paulo Farinha