
Quem pode dizer a satisfação íntima e intransferível, a de caminhar junto ao rio, onde ninguém aparece nem interrompe, o sol aquece e abriga, o ar do dia faz renascer?
Oh, como é feliz o homem que caminha em silêncio, passo a passo, bebendo a beleza majestosa e discreta que lhe é oferecida aqui e agora. Ditoso és tu, ó amigo das aragens, o filho mil vezes renascido neste reino onde tudo te é dado magnanimamente.
Deixaste para trás o ruído e a agitação dos dias, as pessoas assustadas, tateando às cegas um porto seguro, e buscas uma clareira de serenidade, o apaziguamento das sedes. E tu bem sabes, ó caminhante, como a criança feliz se desviou do caminho. Bem sabes como erram os humanos, como erguem invisivelmente as mãos pedindo uma palavra de socorro e consolação.
E eis-te aqui, caminhando lentamente. Recebes desmesuradamente: a calma e beleza das águas, as transparências e brisas, a magia oferecida nesta hora da manhã. Tudo te é dado, tudo te é oferecido e tu recebes. Bem no fundo de ti, abrem-se portas que dão para um jardim matinal.