Aftersun

Não é fácil explicar como este filme toca tão fundo a alma. Faltam-lhe os ingredientes de tantas produções atuais: ação, movimento, plot twists, sexo, violência.

E, no entanto, é um filme belo, ternurento, melancólico, a espaços triste. Qualquer um poderá pesquisar sobre o tema deste filme. Não o farei aqui.

Gostaria apenas de destacar a beleza e ternura na relação entre o pai e a filha, enquanto passam férias juntos num estância turística na Turquia, não especialmente apelativa. Não se explora a grandiosidade ou a sofisticação do meio envolvente. Não vemos uma relação pai/ filha glamourosa, açucarada, artificial. Não. No filme, há inúmeras pequenas cumplicidades, há uma lentidão na narrativa, uma ausência de adrenalina , as quais cedem passagem a mil e um detalhes que fazem destas férias banais férias especiais. Há a interpretação soberba de uma rapariga com onze anos. Há o amor, a cumplicidade deste par que parece tão desabrigado do sofrimento do mundo. Há a fotografia, os planos lentos, o detalhe do cabelo ao vento, de uma mão pousada noutra, de um diálogo pai e filha a bordo de uma dessas estruturas que flutuam na água.

No final, mas prenunciada sotto voce na narrativa, a dor da perda.

Não deixei de pensar em quantas histórias haverá por ese mundo fora de amor, de entrega, de ternura mas também de dor, do peso do sofrimento trazido do passado, da separação e perda. apetece proteger e abrigar estes dois seres humanos especiais no amor tanto quanto desprotegidos.

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