– Será este o ato mais difícil da existência humana, o de colocar-se totalmente nas mãos de Deus, desistindo de controlar a própria vida e a dos outros? Uma das fontes de maior cansaço e perturbação é a incapacidade de tudo entregarmos, com a confiança de uma criança, nas mãos daquele que tudo pode. Carregar o fardo de mim mesmo (“All my life I have borne the burden of myself“, escreveu D. H. Lawrence), dos outros à minha volta, é uma pesada “canga”, fonte de opressão não raras vezes difícil de suportar. “E um menino os poderá conduzir“, diz o profeta Isaías: a confiança desarmada em Deus é o grande tema da Bíblia.
– É preciso dar o grande salto em frente: da terra das nossas razões e da nossa visão do mundo para o “ameno bosque da Escritura”, essa terra da verdade e da paz Aí, depositar cegamente a confiança.
– Procuramos conforto e segurança nos pensamentos, mas existem momentos em que esse frágil recurso se torna totalmente incapaz de trazer consolo e esperança. Ficamos nus e gelados diante do abismo: como diz o salmo: “Quando se abalam os fundamentos, que pode ainda fazer o homem”?
– Há determinadas paixões que são constantes na história da literatura:
- Querer brilhar diante da sociedade;
- Tratar os outros com altivez.
- Dominar, ter poder.
– Cada momento traz um escolha, é um momento de julgamento, de crise, de tomada de posição.
– O escândalo da pedofilia irá silenciar e desacreditar ainda mais a voz da Igreja. Essa voz seria necessária para contrariar a vontade de aniquilação dos limites impostos por absolutos morais, hoje tão em voga por pessoas e organizações para quem não existem quaisquer linhas de demarcação.