Leio que a Junta militar de Myanmar matou 3000 civis. Esta notícia aterra de improviso no meu domingo. Evito duas coisas: a culpa, a qual uma vez entrada nunca mais me permitirá a alegria; a indiferença: dizendo a mim mesmo que, se os meus estão bem isso é tudo o que interessa (na realidade não digo isso a mim mesmo mas ajo como tal). Que faço com esta seta apontada ao meu domingo? Em que lugar das bem-aventuranças e maldições narradas por S. Lucas no seu evangelho me situo?
O Irmão Roger de Taizé tem uma expressão iluminadora: lutar com um “coração reconciliado“: amar o mundo a partir (e, se calhar, por causa) da certeza do amor de Deus por mim.
Seguro, seguro é que não me é mais possível viver “etsi non daretur” – como se o atroz sofrimento não existisse ou pelo menos que me torne incapaz de me deslocar do carril das minhas rotinas.