1. A fé é da ordem do combate. Chega de antropologias semipelagianas. Chega de fazer cócegas ao cérebro. Este é o tempo de combate, noturno, permanente. Só uma coisa comoverá os nossos contemporâneos: círios acesos na noite, anjos que lutaram incansavelmente com Deus na noite.
2. Leio “Callista” do cardeal John Henry Newman. Callista é uma pagã convertida ao cristianismo, prestes a ser julgada e instada a abjurar a sua fé. Vejo aqui o exemplo mais acabado de desafio à ordem estabelecida: de um lado a fé, do outro a cidade, o Estado, os valores de uma sociedade. Que abismo e que difícil deverá ter sido para os mártires levantarem-se em nome da sua fé, tendo como inimigo todo o mundo visível. A eles, glória.
3. Em Fátima, há tempos: o andor de Nossa Senhora circulava no meio do povo. É belo pisar o mesmo chão onde um dia Maria apareceu aos pastorinhos, estar em profunda comunhão com as centenas de milhar de peregrinos de todos os lados reunidos. Eis a fé profunda de um povo, visível nos rostos, nas súplicas, nos gestos de devoção, no amor à Virgem de Fátima. Uma experiência profunda e tocante de Igreja que me é dado viver. Em vários momentos da recitação do terço e da Eucaristia, é espantoso o silêncio de milhares de pessoas tornando o santuário num espaço sem ruído.
Na recitação do terço, recitar o “Pai Nosso” e as “Ave Maria” em uníssono é experiência poderosa. Ali não há a frieza e o ritualismo vazio de muitas eucaristias, mas o calor apaixonado, a súplica veemente e lancinante de tantas histórias de dor e sofrimento, pedindo a intercessão da Virgem.
Este povo de Deus reunido é uma porção do grande povo de Deus que caminha na terra e uma expressão daquele povo que se encontra já no céu e que connosco caminha pelas estradas do mundo.
Que falta fazem esta experiências de comunhão e fraternidade: muitos cristãos acabam por viver uma fé mais ou menos pessoal e solitária. Precisamos todos de momentos destes, ver, ouvir tocar a presença do divino que se torna tão palpável.