
Memória de Nossa Senhora das Dores. Retenho a palavra de Simeão a Maria: “uma espada trespassará a tua alma”. Esta festa antigamente chamava-se as sete dores de Nossa Senhora. A figura venerada e tão querida aos cristãos teve uma vida em que a dor imperou, do princípio ao fim. Nada de glittering, de glamour, o culto da aparência, preparada para arrasar. As sete dores acompanham-na desde a profecia de Simeão até ao sepultamento de Jesus. Que mistério: o caminho das personagens “grandes” da Sagrada Escritura e da história da Igreja são pessoas que morderam o sofrimento, com ele viveram, por ele foram acompanhadas durante grande parte da sua vida. Um sofrimento duro, avassalador, humanamente insuportável, socialmente insustentável. Ainda por cima, abraçado voluntariamente quando não alegremente. É absurdo de mais para o pobre homem do século XXI, o homem do pão sem côdea, do café “sem princípio”, mendigando esta aprovação, aquele louvor Por onde andamos nós, os cristãos, os “burgueses espirituais” que não aprendemos nem queremos reconhecer que o Mestre trouxe a espada para o combate?