
Quando por lá passo, ali estão eles, em grupos rolando de cá para lá, conversando, apanhando sol, desfrutando do bom piso liso que o espaço fronteiro ao edifício lhes proporciona. Uma ou outra subida / descida tornam ainda mais apetecível o lugar para estas deambulações sobre rodas.
Passo por eles e penso: a que distância estão estes membros-da-tribo de-skaters da mensagem do evangelho, ou pior, da “mensagem da Igreja” (o que quer que ela contenha)? A que distância da linguagem, da simbólica, dos ritos, do discurso, de todas e qualquer mediações estarão eles? Estes jovens estão a anos-luz da Igreja e esta talvez ainda mais distante deles. Que teria a Igreja para lhes oferecer de que eles tenham sede?
E como seria a presença de Jesus junto deles? Que “abordagem pastoral” praticaria? Subiria para um desses skates? Faria perguntas? Moralizaria?
Não sei se nós, dentro da Igreja temos a cabal consciência da profundidade em que caiu o nosso discurso “autorreferencial” de que fala o Papa. Isto é, teremos a noção de como são ultra periféricas pessoas e grupos que até estão relativamente perto de nós, geograficamente falando? E quando nos tentamos aproximar, fazemo-lo a partir de onde? Meia dúzia de “pensamentos-pensados” ainda que bem intencionados?
Talvez seja melhor deixá-los rolar… Quem sabe encontrem laços de pertença comum, de comunhão, de entreajuda que escasseiam em não poucas das nossas comunidades.