Há um episódio, num dos filmes do Super Homem, em que três criaturas invadem a Casa Branca, espancam tranquilamente polícias e militares, deitam abaixo uma coluna e entram na Sala Oval. O chefe dos três aproxima-se do Presidente dos EUA e manda-o ajoelhar-se diante de si: “kneel before Zod!”
Dentro de cada um de nós há uma espécie de Zod. Quando queremos que os outros façam como nós queremos – kneel before Zod! Quando andamos por aí dizendo à vida que tem de correr como nós planeamos – kneel before Zod! Quando ficamos frustrados porque A ou B desafia a vontade de poder que mora secretamente no nosso coração, isso significa que essa pessoa não se quer ajoelhar diante de Zod e aí temos um problema.
A um nível superficial somos todos boas pessoas. Mas quando descemos ao piso -1, isto é às nossa motivações, compulsões e disfuncionalidades mais escondidas, aí é que a coisa ‘fia fino’. Bem tento manter este ar de serenidade e descontração, mas, enquanto o universo inteiro não se ajoelhar diante da minha vontade, isto é, enquanto multidões de seres humanos não se inclinarem ao Zod que há em mim, enquanto isso não acontecer, temos o caldo entornado!
Não há mal em reconhecer que essas características “pouco recomendáveis” nos habitam. No fim de contas, todos somos mais parecidos uns com os outros do que suspeitamos. Todos temos invejas, frustrações e ressentimentos, coisas mal resolvidas. Se conseguirmos olhar para elas e, ainda assim, dar uma gargalhada, estamos salvos. Agora, insuportáveis, são as pessoas que têm o piso -1 trancado e vestem a roupa de domingo em permanência. Essas deveriam fazer um estágio (remunerado) no reino de Zod.
o hóspede ignorado 