Cavalheiros

Já tinha aqui escrito alguma coisa sobre isto. Que fazem falta à nossa volta seres humanos que seja a encarnação viva dessa realidade.
É uma palavra que se presta a equívocos. Podemos associar a um certo tipo de pessoas pertencentes a uma casta, com um tipo de formação muito recortado.
No fundo, o que queria dizer é que faltam, hoje, pessoas de carácter, dispostas a defender sem concessões aquilo que são os seus valores mais profundos. Falei sobre isso quando escrevi sobre a nobreza de espírito, um livro que lera em tempos.
Por felicidade, li neste fim de semana um artigo maravilhoso sobre essa categoria do “gentleman”. Foi surpreendente a vários títulos. O autor refere a vida de quatro pessoas diferentes e que não se conhecem entre si. O autor do artigo, John Kekes, começa por desmontar a ideia do perfil do “cavalheiro”: pode ser de classe alta ou baixa; homem ou mulher; com dimensão pública ou levando uma recatada vida anónima. O que une todas essas pessoas, está patente na frase: “Ser um cavalheiro não é uma questão de herança, riqueza ou refinamento. É algo que deve ser merecido por ter um carácter com um sentido de honra no seu cerne. O carácter estabelece limites que um cavalheiro não irá ultrapassar e reconhece responsabilidades a que não irá fugir. Envolve um compromisso com um modo de vida que, de uma forma pequena ou grande, por exemplo ou por ação, contribui para tornar algumas vidas melhores ou protegê-las de piorarem.” Era isto a que queria chegar: o carácter e a honra como serviço aos outros!
Tenho a certeza que muitos de nós teremos na mente uma ou mais pessoas que nos deixaram uma marca na alma: pela forma abnegada como se colocaram ao serviço dos outros; pelas dificuldades com que a vida os brindou e a forma digna como as ultrapassaram; pelo amor da família; pela vida de fé. Pessoas cultas ou pouco instruídas; importantes ou anónimas: todas elas entram na categoria do gentleman.
E que falta fazem elas hoje…