G_ _ _ _ _ _ O?

Ninguém aceita comida mastigada, mas, por estranho que possa parecer, já parece normal aceitarmos explicações dos “peritos” para as situações significantes com que nos deparamos durante a nossa existência. Assim, o sentido que podemos nós próprios descobrir, cede o lugar à explicação certinha dada pelo perito adequado.
Tal atitude apenas recetiva constitui uma perda no crescimento espiritual que podemos adquirir se não abdicarmos do nosso discernimento. Outra coisa é a partilha de conclusões.
“Conta-se acerca do grande Mestre Zen, Rinzai, que a última coisa que fazia em cada noite antes de ir para a cama era soltar uma enorme gargalhada que ressoava por todos os corredores e podia ouvir-se em todos os pavilhões do mosteiro.
E a primeira coisa que fazia pelas manhãs, ao levantar-se, era pôr-se a rir de tal maneira que acordava todos os monges por mais profundamente que estes estivessem a dormir.
Os seus discípulos costumavam perguntar-lhe porque ria daquele modo, mas ele nunca o disse. E, quando morreu, levou consigo para o túmulo o segredo das suas gargalhadas.”
(Anthony de Mello, La Oración de la Rana)
Paulo Farinha