
Ouvi, recentemente, um episódio do Podcast “45 graus” (ver aqui). Gostei mais do apresentador – José Maria Pimentel – do que em tempos passados: escuta mais, intervém e pergunta apenas quando necessário. Os entrevistados são investigadores e professores na faculdade de Economia do Porto. Conduzem um estudo internacional, o qual permite compreender o papel e a criação (ou não) de valor por parte das nossas elites políticas e económicas. Percebi (e confirmei) que as nossas elites políticas são fracas e não são fator de criação de riqueza e de alavancagem da nossa economia. Continuamos com enormes assimetrias entre o interior e o litoral; a nossa economia paralela atinge níveis de cerca de trinta por cento da riqueza gerada em Portugal, sensivelmente o dobro da média dos países da OCDE.
Singapura está em primeiro lugar neste Ranking Internacional: é curioso que os índices relativamente ao poder político nesse país espelham “músculo” nas decisões, portanto, um certo autoritarismo, mas ao mesmo tempo sem que isso implique fragilidade por parte das elites económicas – a tal ponto que os intervenientes usam a imagem de um “despotismo iluminado”, uma vez que as elites económicas geram valor e riqueza, isto é, contribuem para aumentar o tamanho da tarte, na metáfora usada.
Confirmei o meu desalento com o nosso país, com as fracas elites políticas que vamos, consistentemente, tendo. As elites económicas, é a minha perceção, têm dificuldade em singrar fora da forma de atuação usada pelos atores políticos. Os investigadores concluem: somos um país de cooptação de pessoas mais que de concorrência sã e potenciadora de qualidade. Tudo isto numa altura em que, curiosamente, a revista “The Economist” afirma que Portugal deixou de ser um “país totalmente democrático” para baixar à categoria de “democracia com falhas“.
Como dizia o meu pai: “É aguentar, é aguentar…“