Os filhos de Isadora


O filme inspira-se na figura de Isadora Duncan, bailarina e coreógrafa, que viveu entre o final do século XIX e o início do século XX. A narrativa gira à volta da recriação artística de um bailado intitulado “Mãe”; é fruto da experiência traumática que Isadora viveu com a morte por afogamento dos seus dois filhos pequenos, e que a marcou definitivamente. Até ver este filme não sabia quem era Isadora.
A obra está dividida em três partes: uma bailarina que descobre a peça e a encena; uma professora que ensina uma bailarina com trissomia 21 e uma espectadora que assiste à representação do bailado dessa mesma bailarina e a recria de forma singular.
Em “Os filhos de Isadora” não há ritmo, nem ação, nem clímax. As cenas desenrolam-se lentamente, num clima de grande contenção. Não é um registo a que esteja habituado, mas apreciei essa calma e lentidão.
Ver este filme ajudou-me a perceber melhor como a dor pode ser canalizada seja para a criação artística, no caso de Isadora, seja para a representação feita pelas personagens do filme. A vida está cheia de casos/ pessoas/ situações por demais dramáticos e o peso que o ser humano carrega dentro de si pode ser intolerável. A arte, para mais esta que envolve a expressão corporal de forma muito intensa, pode ser uma forma de exteriorizar a dor e de a partilhar. No filme, cria-se um vínculo entre quatro histórias desligadas entre si, mas ligadas na vivência e na procura de um sentido para a dor.

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